Oficina Educação em Foco “Atenção e Aprendizagem”

Mais um encontro da Oficina Educação em Foco e o tema da vez é ATENÇÃO E APRENDIZAGEM!

Iniciamos, como sempre, cantando e tocando canções que nos envolvem em sublimes harmonias.

Após as músicas, refletimos sobre a imagem acima e conversamos a respeito de nossas análises. Percebemos que nossa mente define a realidade que vivemos. Podemos estar num local paradisíaco, mas nossa mente pode nos transportar para um verdadeiro “inferno”.

Auxiliando nossas reflexões, lemos o seguinte trecho do livro “Foco, a atenção e seu papel fundamental para o sucesso”, do autor Daniel Goleman:

Concluímos que a atenção é um fator importantíssimo para conseguirmos alcançar qualquer objetivo. No momento atual, sentimos que carecemos ainda mais dessa ferramenta, pois a velocidade e quantidade de informações propicia a agitação mental, a ansiedade, o turbilhão de emoções e a falta de foco.

A atenção – esse mecanismo flexível – se adapta a inúmeras operações mentais. Uma pequena lista de alguns pontos básicos inclui compreensão, memória, aprendizagem, percepção do que sentimos e por que, leitura das emoções dos outros e interação harmoniosa. Trazer à tona esse fator invisível de eficiência nos permite visualizar os benefícios de aprimorar essa faculdade mental e compreender melhor como fazer isso.

Testando a atenção

Mas a atenção, como dizem os neurocientistas, é como um músculo mental, precisa ser treinada para ser aprimorada. Neste momento do encontro, fizemos uma breve atividade para refletirmos sobre nossa atenção.

Tínhamos como meta prestar atenção na história que seria contada. Em alguns momentos enquanto a narradora expunha o enredo, ela apresentava placas com palavras que não faziam parte da história (essas palavras estão descritas nos parênteses):

“Certo dia, um lobo (cachorro) passou correndo velozmente (lentamente) pela cidade (floresta),  alcançou um carro verde (vermelho), que parou (acelerou) subitamente, o motorista abriu (fechou) a janela (porta) e falou em tom malcriado (espantado): o que foi isso?”

Após a atividade, devíamos contar a história conforme nos lembrávamos. Ninguém foi capaz de narrar corretamente, o que causou muitas risadas no grupo, e nos serviu para analisar nossa dificuldade em inibir distrações, concentrando-nos num único foco.

Sistema Ascendente e Sistema Descendente

Em seguida, relembramos um pouco do Sistema Límbico, já abordado em outros encontros (você pode ler outros textos aqui no blog para conhecer um pouco mais), e do funcionamento do Neocórtex – que abriga funções mais “modernas” do cérebro, como a atenção deliberada e a aprendizagem.

Nosso cérebro tem dois sistemas mentais semi-independentes, amplamente separados. Um tem grande capacidade computacional e trabalha constantemente, funcionando silenciosamente para resolver nossos problemas, nos surpreendendo com uma solução repentina para raciocínios complexos. Como trabalha além do horizonte da percepção consciente, não enxergamos seu funcionamento.

Muito dessa estrutura neural fica na parte inferior do nosso cérebro, no circuito subcortical, embora os frutos de seus esforços venham à consciência ao sair lá de baixo e avisar nosso neocórtex, ou seja, as camadas mais altas do cérebro.

“De baixo para cima”, ou “ascendente”, se tornou a expressão da ciência cognitiva para tais funcionamentos desta máquina neural da parte inferior do cérebro. Da mesma forma, “de cima para baixo”, ou “descendente”, se refere à atividade mental, principalmente no neocórtex, que pode monitorar e impor seus objetivos ao funcionamento subcortical. É como se houvesse duas mentes trabalhando.

A mente de baixo para cima:

  • mais veloz em tempo cerebral, que opera em milissegundos;
  • involuntária e automática: está sempre ligada;
  • intuitiva, operando através de redes de associação;
  • impulsiva, movida pelas emoções;
  • executora de nossas rotinas habituais e guia de nossas ações;
  • gestora de nossos modelos mentais do mundo.

A mente de cima para baixo:

  • mais lenta;
  • voluntária;
  • esforçada;
  • a sede do autocontrole, que pode (às vezes) suplantar rotinas automáticas e anular impulsos com motivações emocionais;
  • capaz de aprender novos modelos, fazer novos planos e assumir o controle do nosso repertório automático — até certo ponto.

A atenção voluntária, a força de vontade e a escolha intencional envolvem operações mentais de cima para baixo. A atenção reflexiva, o impulso e os hábitos rotineiros envolvem operações mentais de baixo para cima (assim como a atenção capturada por uma roupa estilosa ou um anúncio criativo). Quando decidimos entrar em sintonia com a beleza de um pôr do sol, nos concentrar no que estamos lendo ou conversar com alguém, entramos em uma modalidade de funcionamento descendente. O olhar da nossa mente executa uma dança contínua entre a atenção capturada por estímulos e o foco voluntariamente direcionado.

Os velozes e reflexivos circuitos ascendentes – nosso mecanismo ancestral de milhões de anos – favorecem o pensamento em curto prazo, o impulso e as decisões rápidas. Os circuitos descendentes, na frente e na parte de cima do cérebro, são uma adição posterior, com maturação plena ocorrida há meras centenas de milhares de anos.

As conexões descendentes acrescentam talentos como autoconsciência, reflexão, deliberação e planejamento ao repertório das nossas mentes. Esse foco intencional oferece à mente uma alavanca para administrar nosso cérebro. Enquanto desviamos nossa atenção de uma tarefa, plano, sensação, etc., a outras coisas, o circuito cerebral relacionado se acende.

Testando a mente

Nesse momento, fizemos uma pausa nos debates para exercitar nossa capacidade mental de atenção e introspecção. Ficamos em silêncio por três minutos, concentrando-nos em todo conteúdo que abordamos até essa etapa. O objetivo era refletir e fazer conexões do assunto com o nosso dia a dia, para levar o conhecimento para a prática.

Após o silêncio, conversamos sobre esse momento. Não foi fácil manter a atenção em nossas reflexões. Muitos fatores nos distraíam: ruídos externos, ruídos internos, ansiedade, preocupações que surgem indesejadamente, o famoso “branco” mental, etc.

Atenção e aprendizagem

Nossa capacidade de atenção determina o nível de competência com que realizamos determinada tarefa.

A atenção, do latim attendere, entrar em contato, nos conecta ao mundo, moldando e definindo a nossa experiência. Como escrevem os neurocientistas cognitivos Michael Posner e Mary Rothbart, a atenção fornece os mecanismos “que sustentam nossa consciência do mundo e a regulação voluntária dos nossos pensamentos e sentimentos”.

Existem os fundamentos da atenção, o músculo cognitivo que nos permite acompanhar uma história, concluir uma tarefa, aprender ou criar.

Aprendemos melhor com a atenção focada. Quando nos focamos no que estamos aprendendo, o cérebro situa aquela informação em meio ao que já sabemos, fazendo novas conexões neurais. Se você e um bebê dividem a atenção em relação a algo cujo nome você pronuncia, o bebê aprende esse nome. Se o foco dele divaga quando você diz o nome, ele não aprende.

Quando nossa mente divaga, nosso cérebro ativa uma porção de circuitos neurais que murmuram sobre coisas que não têm nada a ver com o que estamos tentando aprender. Sem foco, nenhuma lembrança clara do que estamos aprendendo fica armazenada.

A mente de um leitor divaga tipicamente entre 20% e 40% do tempo em que lê um texto. A consequência disso para os estudantes, o que não surpreende, é que, quanto mais eles divagam, menos compreendem.

 

Encerramos nosso encontro realizando novamente a atividade da história, testando nossa atenção. Buscando focar na narrativa, tivemos uma melhora no resultado, mas ainda assim não fomos capazes de contar todos os detalhes corretamente. A conclusão? Precisamos urgentemente desenvolver nossa atenção, pois treinando esse “músculo cognitivo” conseguiremos realizar muitas coisas, com mais qualidade!

Autoria Equipe Pedagógica Ubuntu Vila Educacional

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