Continuando nossos estudos sobre Jean Piaget, foi o momento de conversarmos sobre os fatores que propiciam o desenvolvimento da inteligência.
Iniciamos o encontro com uma atividade de desenho. Cada participante teve que cumprir a seguinte tarefa: desenhar uma espanhola. Ao final, expomos os desenhos, todos apresentavam mulheres com vestidos, lembrando as dançarinas com castanholas. Será que as mulheres da Espanha são mesmo assim? Durante a conversa, concluímos que cada pessoa possui esquemas mentais prévios que a levam a interpretar a realidade conforme sua própria bagagem.
Relembramos um pouco sobre “Adaptações” na teoria de Piaget, que havíamos visto no encontro anterior. Você pode ler em nosso blog, no link: http://vilaubuntu.org.br/oficina-educacao-em-foco-o-desenvolvimento-cognitivo-conforme-piaget/.
Com as adaptações surgem primeiramente os esquemas. Define-se esquemas como estruturas mentais, ou cognitivas, pelas quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio. Assim sendo, os esquemas são tratados, não como objetos reais, mas como conjuntos de processos dentro do sistema nervoso. Os esquemas não são observáveis, são inferidos e, portanto, são constructos hipotéticos.
Um conjunto de esquemas e a coordenação destes constituem o aparecimento de ESTRUTURAS.
O conceito de estrutura cognitiva é central para a teoria de Piaget. Estruturas cognitivas são padrões de ação física e mental subjacentes a atos específicos de inteligência e correspondem a estágios do desenvolvimento infantil.
Existem quatro estruturas cognitivas primárias – estágios de desenvolvimento – de acordo com Piaget: sensorial-motor, pré-operações, operações concretas e operações formais. No estágio sensorial-motor (0-2 anos), a inteligência assume a forma de ações motoras. A inteligência no período pré-operação (3-7 anos) é de natureza intuitiva. A estrutura cognitiva durante o estágio de operações concretas (8-11 anos) é lógica, mas depende de referências concretas. No estágio final de operações formais (12-15 anos), pensar envolve abstrações.
FATORES DE DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA
As estruturas vão se construindo através da interação com o meio físico e social. A evolução de um nível de estruturas para outro se determina por um conjunto de fatores responsáveis.
Piaget (1964) assinala os fatores que explicam o desenvolvimento da inteligência, são eles: MATURAÇÃO ORGÂNICA, EXPERIÊNCIA COM OBJETOS, INTERAÇÃO E TRANSMISSÃO SOCIAL E EQUILIBRAÇÃO.
Sobre a “Maturação Orgânica”, discutimos que ela está relacionada ao amadurecimento do sistema nervoso. É resultante de processos orgânicos ou mudanças estruturais que ocorrem dentro do corpo de um indivíduo. Tivemos um amplo debate também sobre a importância da alimentação, do sono, de atividades saudáveis, e de vários estímulos úteis para o bom desempenho das funções neurofisiológicas e bioquímicas do ser.
Ao adentrarmos o estudo do fator “Experiência com Objetos”, foi apresentado ao grupo diversos objetos. A tarefa era descrever o que era cada objeto e como se utilizava. Havia, por exemplo, um pedal elétrico para guitarra, a única pessoa que compreendeu o objeto, foi um músico.
Outro objeto apresentado era um cortador, utilizado para frutas, especialmente para maçãs, conforme imagem abaixo.
Após todos saberem do que se tratava, algumas maçãs foram dadas ao grupo e pudemos cortá-las, utilizando o objeto.
Destacamos a importância da vivência real, concreta, com os objetos de aprendizagem. A Experiência com Objetos diz respeito ao pensamento sobre objetos concretos e processos de pensamento que os envolvem. É fator fundamental para o desenvolvimento da inteligência.
Ao iniciarmos o fator “Interação e Transmissão Social”, assistimos um vídeo que apresentava o caso de uma menina que foi abandonada pelos pais aos 3 anos e deixada para viver junto com os cães. Até os 8 anos, quando foi resgatada, ela apenas conviveu com os cachorros. Apesar de depois ter sido inserida na sociedade humana, ela não conseguiu se desenvolver plenamente, mantendo muitas características dos caninos.
A Interação e Transmissão Social se trata de trocas de ideias entre pessoas, da convivência social, que resulta na construção de novas experiências. Este é um causador de desequilíbrio, que estimula o avanço do desenvolvimento cognitivo.
Conversamos bastante sobre o uso da tecnologia para o público infanto-juvenil, o que tem sido um dos geradores do “afastamento” desse público do convívio social. Achamos indispensável o alerta sobre a importância de interagir as crianças e adolescentes nas vivências comuns da sociedade.
Por fim, estudamos o fator “Equilibração”, que conforme o suíço Jean Piaget, é o movimento entre assimilação e acomodação. É o processo de reunir “maturação orgânica”, “experiência com objetos” e “interação e transmissão social” (ou socialização) de modo a construir e reconstruir estruturas mentais.
Autoria Equipe Pedagógica Ubuntu Vila Educacional
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