Neste Encontro Pedagógico da Ubuntu Vila Educacional, assistimos juntos à palestra da filósofa Lúcia Helena Galvão, sobre o tema IMAGINAÇÃO, onde refletimos e conversamos, buscando associar o conhecimento à prática, afinal, o conhecimento é válido quando gera transformação no Ser.
A palestra pode ser assistida na íntegra no Canal do Youtube “Nova Acrópole – Escola de Filosofia Internacional”, no link: https://www.youtube.com/watch?v=4NzDlILue9U&t=3754s
Conforme Lúcia Helena, a imaginação é o poder criador do homem, apesar das inovações tecnológicas, a geração de novas ideias sempre será um atributo humano. Imaginação é pensar ideias, desenvolvê-las e desenvolver a si mesmo.
Buscando referências no grande filósofo Platão (Atenas, 428/427 – Atenas, 348/347 a.C.), percebemos que ele aponta o plano das ideias, que seria como um esboço do plano físico, e este nada mais é que a materialização do plano das ideias.
Quando as ideias se projetam no mundo, elas poderão ser melhores ou piores do que o plano das ideias, conforme o intermediário dessa ação.
Todas as coisas e pessoas buscam o seu ideal. Quando chega à Terra algo não perfeito, para atingir o seu ideal, começa um processo de evolução. A palavra evolução tem origem no latim EVOLUTIO, “ato de desenrolar um livro (na época dos pergaminhos em rolo)”, de EVOLVERE, “desenrolar livros”.
Lúcia Helena aponta uma diferença essencial entre IMAGINAÇÃO e FANTASIA. A fantasia se refere ao que permanece apenas no plano das ideias, não se materializando; muitas vezes tornando-se prejudicial, pois cria uma tendência de fuga da realidade; o indivíduo prefere se satisfazer na fantasia, substituindo o esforço para a concretização das ideais.
A fantasia é passiva; a imaginação é ativa.
A palestra atestou que o ser humano busca modelos para se inspirar, portanto, para se tornar algo é preciso ter um arquétipo inicial. Quando o indivíduo não escolhe conscientemente este modelo, assimila padrões prontos da sociedade, por exemplo, o padrão do homem de sucesso, que é um caminho irreal de felicidade.
Quando são prometidos padrões irreais de felicidade, não alcançáveis, os indivíduos se evadem para a fantasia e vivem numa fuga passiva da realidade.
Qual sua inspiração de vida? Qual modelo você busca?
É preciso ter consciência nesta escolha e estar vigilante consigo mesmo, caso contrário estaremos assumindo padrões impostos por alguém, que podem ser extremamente prejudiciais e que nos afastam da felicidade.
Imaginação + Vontade = a magia do homem!
A palavra “magia”, atualmente utilizada fora do seu sentido original, provém do persa magus ou magi, que significa “sábio”. Tornar-se sábio foi o alvo dos grandes iniciados de todas as épocas da humanidade.
Para ser um sábio, viver em plenitude, é preciso decisão no plano mental, integrada à perseverança e à constância.
Percebemos o homem atual um pouco “clonado”, seguindo ideias pré-concebidas, pouco imaginativos e criativos.
É preciso planejar-se a si próprio de forma consciente. Não somos influenciados pelos outros quando definimos a nós mesmos, quando sabemos quem somos e quem queremos ser, e quando nos vigiamos para ser aquilo que nos definimos. Este é o uso da inteligência – escolher dentre – palavra originária do latim INTELLIGERE (formada por INTER-: “entre” e LEGERE: “escolher”).
Você se questiona: Quem é você? Como quero ser?
Viver é planejar e executar; se você não está fazendo isso, está apenas sobrevivendo. Se não é você que está planejando sua vida, alguém está; este é o sentido da alienação – alguém está escolhendo por você.
Existe em todo o ser duas forças: feminina e masculina. A masculina se relaciona à fecundação de ideias e a feminina ao desenvolvimento delas (útero).
Todas as formas mentais vão gerar consequências no plano físico. A fantasia também ocasiona suas consequências; permanecer nela, implica gerar no plano físico consequências relacionadas aos interesses egoístas, à estagnação e inutilidade. Não alimente, no plano das ideias, aquilo que você não quer no plano material.
Nas medicinas tradicionais antigas, acreditava-se que não adiantava remediar o corpo sem buscar a causa; e todas as causas partiam do plano sutil (plano das ideias) para o plano concreto.
Reflita: Como você está programando sua vida? Quais valores estão norteando suas buscas?
Tome consciência e assuma as rédeas do processo. É preciso estar sempre atento para não se perder.
A filósofa sugere uma reflexão: pense no momento de sua morte. Qual rastro quero deixar?
Para bem refletir sobre esse questionamento, é fundamental se reconhecer com sinceridade, olhar para o caminho e identificar em que degrau você está.
As pessoas costumam se iludir sobre si mesmas. A sinceridade sobre suas próprias características é primordial. Ou você trabalha para se reconhecer ou a vida vai te colocar contra a parede; e esse processo será mais sofrido. “Pelas tuas obras te reconhecerão”.
Quantas ideias são suas ou quantas você comprou prontas?
É uma análise necessária de se fazer, mas que demanda esforço e reflexão.
O conhecimento gera uma obrigação para a transformação, acontece que isso, muitas vezes, nos desestrutura e não queremos conhecimento para não ter que mudar. Estamos por vezes em uma fuga inconsciente: não queremos conhecer, não queremos nos enxergar, não queremos ouvir nossos inimigos.
É preciso fazer-se ao invés de fantasiar-se, para isso são necessárias estratégias.
Muito cuidado com as suposições: elas criam um mundo irreal, um mundo virtual, no qual nos comprazemos, criando uma bolha de isolamento.
Também criamos bolhas mentais – nas quais fantasiamos sobre pessoas e situações -; também vivemos em processo de vitimização, que, conforme pesquisas, ocasiona a mesma sensação fisiológica das drogas, é viciante.
Percebemos a humanidade vivendo desdobrada. Uma pesquisa realizada em Massachucetts examinou o potencial humano quando a mente está focada, é extraordinário! Percebeu-se que haveria uma explosão de qualidade no mundo se utilizássemos este potencial.
Comprometer-se com criações sadias aumenta o poder da imaginação. Quando você quer criar algo, tem uma motivação, mobiliza a imaginação e busca o movimento na vida, a Natureza responde, e você começa a atrair conscientemente – isto é sincronicidade.
O que você quer construir na sua vida? Qual seu ideal?
A imaginação estimula a memória, são potenciais que estão interligados. Cada ideia tem uma imagem relacionada.
Lúcia Helena expõe alguns fatos de sinestesia (tudo que é captado por um sentido pode ser captado pelos outros sentidos).
O que uma geração pensa será a humanidade do futuro. Precisamos ajudar a humanidade a compreender este poder de criação, a projetar a vontade com o sentimento mais puro que possuam.
Há no homem quatro sensações marcantes: desejo, prazer, temor e dor; se não os controlamos, agitam nossa alma fazendo com que ela se perca e se enverede pela fantasia.
Em todas as nossas posturas, ações e características, há por trás valores que abraçamos. Transmitimos aquilo que somos. Uma macieira só pode oferecer maçãs, também nós somente propagamos aquilo que somos.
O que você quer propagar?
Imaginar é criar! A imaginação unida à vontade cria nossa realidade. A imaginação é um sentido interno, é nossa comunicação com Deus, ela tateia o que está dentro de você; revela seus potenciais. “O que eu posso imaginar, eu posso fazer!”
Muitos de nós estamos passando a vida como verdadeiros desconhecidos de nós mesmos. Todos os homens morrem, mas nem todos vivem, alguns apenas sobrevivem.
Por fim, Lucia Helena propõe uma nova visão de si mesmo. “Ousem imaginar-se grandes! A Natureza nos fez para isso! É nosso dever imaginar que é possível!”
Autoria Equipe Pedagógica Ubuntu Vila Educacional
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