Consciência do outro é a dimensão do “eu considero os outros”. Suas competências nos ajudam a manter relacionamentos equilibrados em qualquer campo das nossas vidas. É o que chamamos de empatia.
Iniciamos nosso estudo refletindo sobre a origem da palavra. Do Grego EMPATHEIA, formado por EN-, “em”, mais PATHOS, “emoção, sentimento”. A ideia é estar “dentro” do sentimento da outra pessoa. Mas, quais habilidades possui a pessoa que tem esta consciência do outro?
Sinais não verbais
De acordo com Daniel Goleman em seu livro Trabalhando com a Inteligência Emocional, as emoções das pessoas raramente são postas em palavras; com muito mais frequência, são expressas sob outras formas.
Quais são essas formas? Buscando compreender o que é essa consciência do outro, propomos um exercício simples. Mostramos várias imagens com diferentes expressões faciais e pedimos para que cada um tentasse identificar qual o sentimento demonstrado ali. Vários sentimentos foram sugeridos: medo, alegria, tristeza, etc. Percebemos que uma imagem é pouco para que a lucidez acerca do sentimento do outro seja mais exata.
Robert Rosenthal, psicólogo de Harvard, desenvolveu um teste chamado Perfil de Sensibilidade Não-Verbal (Profile of Nonverbal Sensitivity — PONS). O teste baseia-se em pequenos vídeos, nos quais alguém apresenta uma reação emocional (a uma notícia muito boa ou muito ruim). Esses vídeos foram editados, de forma que as palavras não pudessem ser distinguidas, evidenciando a expressão facial e o tom de voz.
Isso tudo demonstra que a chave para que tenhamos consciência do outro, está em nossa capacidade de interpretar canais não-verbais: o tom da voz, gestos, expressão facial e outros sinais.
Pré-requisitos
Sem a capacidade de captar nossos próprios sentimentos, ou impedir que eles se apoderem de nós, ficaremos irremediavelmente desconectados dos estados de ânimo das outras pessoas, sem consciência do outro.
- A capacidade de captar essas comunicações sutis [não-verbais] se apoia em competências mais básicas: A autopercepção e o autocontrole.
Ainda conforme Daniel Goleman: “A chave para se conhecer o terreno emocional dos outros está em ganhar familiaridade com o seu próprio, […].” Assim, o pré-requisito básico para a consciência do outro é a autopercepção, reconhecendo sinais viscerais de sentimentos no nosso próprio corpo.
Primeiras lições
Alguns estudos demonstram que a empatia tem origem na primeira infância. Nossas primeiras lições de consciência do outro já iniciam quando somos embalados pelas nossas mães.
Daniel Goleman afirma em seu livro Inteligência Emocional:
“Psicólogos do desenvolvimento infantil descobriram que os bebês são solidários diante da angústia de outrem, mesmo antes de adquirirem a percepção de sua individualidade. Mesmo poucos meses após o nascimento, os bebês reagem a uma perturbação sentida por aqueles que estão em torno deles, como se esse incômodo estivesse acontecendo neles próprios, chorando ao verem que outra criança está chorando.[…].”
Marian Radke-Yarrow e Carolyn Zahn-Waxler, do Instituto Nacional de Saúde Mental, realizaram uma série de estudos que demonstraram que a forma escolhida pelos pais para educarem os filhos pode determinar a continuidade ou não destas demonstrações de empatia.
Por exemplo chamar firmemente a atenção para o sofrimento causado por uma atitude ruim e também, agindo com empatia para que as crianças imitem. Elas, de certa forma, desenvolvem um repertório de reação empática, construindo assim uma forte consciência do outro.
Ética e Altruísmo
As bases de um comportamento ético, segundo os pesquisadores, estão justamente na consciência do outro que se construiu.
O fato de considerar um provável sofrimento de alguém e compartilhar de suas aflições sugere um afeto empático que leva inevitavelmente a um comportamento baseado em princípios morais.
Empatia X Simpatia
Ter consciência do outro exige algum esforço, conforme explica Luís Mauro Sá Martino, doutor em ciências sociais pela PUC-SP no vídeo a seguir, onde diferencia simpatia de empatia.
Competências
Para finalizar, destacamos as competências da dimensão Consciência do outro, conforme cita Daniel Goleman:
- Compreender os outros: Perceber os sentimentos e perspectivas dos outros e ter um interesse ativo por suas preocupações
- Orientação para servir: Antever, identificar e satisfazer as necessidades dos outros
- Desenvolver os outros: Perceber as necessidades de desenvolvimento dos outros e reforçar suas aptidões
- Alavancar a diversidade: Cultivar as oportunidades através de pessoas diferentes
- Percepção política: Identificar as correntes políticas e sociais em qualquer organização
Autoria Equipe Pedagógica Ubuntu Vila Educacional
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