O tema do encontro foi “O Desenvolvimento Cognitivo Conforme Piaget”. Nossa Oficina Educação Em Foco estava com ar de novidade, foi a primeira que ocorreu no Centro Cultural Luiz Telles, após firmada a parceria com a Fundação Municipal de Cultura de Balneário Piçarras.
JEAN PIAGET
Após sermos embalados por algumas belas canções, iniciamos as atividades com uma conversa sobre quem foi Jean Piaget. Por alguns minutos, os participantes fizeram uma pesquisa individual, buscando algumas informações sobre o biólogo suíço. Citamos as que mais se destacaram para o grupo:
- Nasceu na Suíça em 1896 e faleceu em 1980.
- Piaget foi um menino prodígio. Interessou-se por História Natural ainda em sua infância. Aos 11 anos de idade, publicou seu primeiro trabalho sobre sua observação de um pardal albino. Esse breve estudo é considerado o início de sua brilhante carreira científica. Aos sábados, Piaget trabalhava gratuitamente no Museu de História Natural.
- Piaget frequentou a Universidade de Neuchâtel, onde estudou Biologia e Filosofia. Ele recebeu seu doutorado em Biologia em 1918, aos 22 anos de idade.
- Após formar-se, Piaget foi para Zurich, onde trabalhou como psicólogo experimental. Lá ele frequentou aulas lecionadas por Jung e trabalhou como psiquiatra em uma clínica. Essas experiências influenciaram-no em seu trabalho.
EPISTEMOLOGIA GENÉTICA
Jean Piaget fez uma extensa pesquisa científica, ao longo de 70 anos, observando seus próprios filhos e outras crianças, realizando diversas análises e experiências, para identificar a especificidade dos processos e estruturas cognitivas das crianças.
Ele desenvolveu a teoria chamada de “Epistemologia Genética”. Para entendermos melhor, buscamos a etimologia das palavras:
EPISTEME – conhecimento
LOGIA – estudo
GENÉTICA – geno – fazer nascer – do início, do nascimento, da origem
Ou seja, a teoria busca compreender o desenvolvimento cognitivo a partir de sua gênese. O autor define que o conhecimento é uma construção que vai sendo elaborada desde a infância, através de interações do sujeito com o objeto que procura conhecer, sejam eles do mundo físico ou cultural.
Sua pesquisa está focada no percurso que uma criança percorre na resolução de um problema e não no seu resultado final, explicando assim a passagem de um nível de menor conhecimento para um de maior conhecimento. É preciso entender que, ao mesmo tempo que o sujeito constrói o objeto, constrói a si mesmo como sujeito.
Assistimos a um vídeo que demonstrava algumas experiências que Piaget realizava:
Pudemos perceber que o processo cognitivo da criança ocorre de maneira particular, desenvolvendo-se gradativamente a partir de alguns fatores.
ADAPTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO
Conversamos sobre os processos de Adaptação e Organização. Os seres humanos se adaptam e organizam o que foi adaptado em sistemas coerentes. Para Piaget, essas capacidades de adaptação e de organização constituem o que ele denomina de invariantes funcionais, estas estão sempre presentes no funcionamento cognitivo.
Para compreendermos um pouco mais estes mecanismos, realizamos uma atividade. Algumas cartelas com imagens e palavras nos foram entregues e deveríamos encaixar num esquema que continha já descrito: planta, alimento, animal, cozinha, brinquedo.
Cada participante, conforme seu entendimento, foi encaixando as imagens e as palavras. A atividade foi bastante divertida e desafiadora. Foi difícil incluir todas as cartelas e, por fim, algumas foram colocadas aleatoriamente. A foto a seguir mostra o quadro já montado e corrigido.
A adaptação é um processo dinâmico e contínuo, no qual a estrutura do organismo interage com o meio externo para se reconstruir e cria nova significação para o sujeito. O que é adaptado é, depois, organizado em sistemas coerentes na mente. Assim, podemos entender que a construção da nossa inteligência e do real não acontece de forma isolada e fragmentada, ela representa sempre a integração do que é assimilado em um sistema.
A Adaptação se divide em dois processos: Assimilação e Acomodação.
ADAPTAÇÃO: ASSIMILAÇÃO E ACOMODAÇÃO
Para conversarmos sobre a assimilação e a acomodação, foi-nos apresentada uma planta, que continha algumas flores, e questionou-se qual conhecimento tínhamos sobre a planta.
A princípio não foi reconhecida, houve dúvidas quanto à planta e ao seu nome. Quando uma participante se lembrou da planta, perguntando se era aquela que se costuma estourar e soltar as sementes, os outros integrantes puderam associar. A plantinha, Impatiens walleriana, tem o nome popular de Maria-Sem-Vergonha.
A partir dessa atividade, conversamos sobre o mecanismo de ASSIMILAÇÃO, no qual o indivíduo busca classificar as informações novas às estruturas cognitivas prévias, quando a criança tem novas experiências (vendo coisas novas, ou ouvindo coisas novas) ela tenta adaptar esses novos estímulos às estruturas cognitivas que já possui, ou seja, a assimilação explica o crescimento (uma mudança quantitativa).
A ACOMODAÇÃO explica o desenvolvimento (uma mudança qualitativa), podendo ser descrito a partir dos seguintes momentos: o indivíduo não consegue assimilar um novo estímulo, ou seja, ainda não existe uma estrutura cognitiva que assimile a nova informação, em função das particularidades desse novo estímulo. Diante deste impasse, restam apenas duas saídas – criar um novo esquema ou modificar um esquema existente. Ambas as ações resultam em uma mudança na estrutura cognitiva. Ocorrida a acomodação, a criança pode tentar assimilar o estímulo novamente, e uma vez modificada a estrutura cognitiva, o estímulo é prontamente assimilado.
A Adaptação é considerada como um estágio temporário de equilíbrio, sendo que sempre surgem novos objetos por conhecer, que determinarão novos desafios para o sujeito. Essa contradição entre o que já se sabe e o novo que está sendo apresentado estabelece uma modificação nos esquemas e exige uma nova interpretação. Assim, percebe-se a importância da noção de conflito cognitivo apresentado na obra piagetiana.
A equação acima foi apresentada para que o grupo solucionasse. O momento gerou muitas risadas e houve algumas tentativas mal sucedidas. A conversa transcorreu sobre o porquê de não conseguirmos resolver a equação.
Como ninguém do grupo possuía esquemas prévios sobre o tema, não foi possível solucionar o problema. Além disso, discutimos que este conteúdo estava muito além de nossos atuais conhecimentos; quando isto ocorre, gera um desânimo no indivíduo, que não consegue enxergar caminhos para superar aquele conflito cognitivo.
Toda apropriação do conhecimento depende de uma atividade construtiva daquele que aprende, assimilando e acomodando esse conhecimento a partir de esquemas prévios, possibilitando a criação de um conhecimento novo. Portanto, para alcançar um eficiente estímulo para o desenvolvimento cognitivo há que se respeitar a essência de cada personalidade, levando em consideração suas construções sociais, intelectuais e emocionais, fato que tornará a busca pelo conhecimento muito mais atrativa e eficaz.
Autoria Equipe Pedagógica Ubuntu Vila Educacional
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